quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Só 10,9% descobrem câncer de mama em fase inicial

Entre as mulheres diagnosticadas com câncer de mama, 45,3% descobrem a doença em estágio avançado. Apenas 10,9% ficam sabendo no início, quando a chance de cura é maior. E aquelas que se tratam pelo Sistema Único de Saúde (SUS) precisam esperar 188 dias, em média, entre o diagnóstico e a cirurgia - tempo que cai para 15 dias, se a paciente tiver plano de saúde.
Os dados foram divulgados hoje (5) no Rio de Janeiro durante o lançamento da campanha Outubro Rosa, movimento mundial de mobilização para prevenção do câncer do mama.
"Primeiro nós lutamos pela aprovação da lei 11.664, que assegura o direito à mamografia. Agora, queremos acesso ao diagnóstico e ao tratamento imediato", disse Maira Caleffi, presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama). "Precisamos de vontade política para mudar a realidade que leva a milhares de mortes desnecessárias relacionadas à falta de investimento", acrescentou.
No ano passado, foram diagnosticados no País 49.343 novos casos de câncer de mama, que custaram US$ 157 mil. A previsão é de que o Brasil terá cerca de 63 mil casos em 2020. O custo estimado é de US$ 208 mil.
Maira fez um apelo para que as empresas abracem a causa e incentivem as funcionárias a fazer o exame preventivo. "Todos os dias, 30 mulheres morrem no Brasil por câncer de mama. É preciso que as chances de 95% de cura cheguem a todas as mulheres", afirmou.
O oncologista Ricardo Caponero, presidente do conselho científico da Femama, defendeu que o País aumente o investimento em saúde. "A Organização Mundial de Saúde recomenda 10% do PIB. O Brasil investe entre 2% e 3%", afirmou. Ele ressaltou ainda que aumento de recursos permitiria a oferta de medicamentos de ponta, que hoje as pacientes do SUS não têm acesso.
Caponero citou o caso da vacina trastuzumab, que inibe proteína presente em 20% dos casos de câncer de mama e que é responsável por evolução mais agressiva da doença. O medicamento, que custa R$ 7,5 mil por mês, é garantido pelos planos de saúde, mas não pelo SUS. "Esse medicamento melhora em 50% as chances de cura, é aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), está disponível desde 2001, mas infelizmente não é oferecido em toda a rede pública", afirmou.
O lançamento do Outubro Rosa, que prevê a iluminação de prédios e monumentos na cor rosa, contou com a presença da estilista venezuelana Carolina Herrera, madrinha do projeto. Este ano, Cristo Redentor, Copacabana Palace e um shopping da zona sul ganharam a iluminação especial.

Agência Estado | 05/10/2010

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