terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Ditador culpa diabo “estrangeiro” e se nega a renunciar na Líbia


Muamar Gaddafi fez seu primeiro discurso oficial sobre onda de protestos
Do R7

O ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, culpou a imprensa estrangeira pela onda de protestos que atinge a Líbia há duas semanas e diz que o exterior enviou o “diabo” para semear o caos no país. Ele também afirmou que não irá renunciar. Ao menos 400 pessoas já morreram na repressão, de acordo com relatos.


- A imprensa estrangeira tenta manchar a nossa reputação. Eles enviaram o diabo para a Líbia. São uns ratos, cachorros, que tentam tirar nossa glória.
Gaddafi, há 40 anos no poder, falou em tom desafiador e deixou claro em seu discurso que não cederá a pressões que vem recebendo de dentro e de fora do país para que renuncie ao cargo.
- Lutarei até a última gota de meu sangue.
Ele disse ainda que não culpa os jovens que estão envolvidos nas manifestações, dizendo que foram influenciados pelo o que aconteceu na Tunísia - onde o presidente Ben Ali, 23 anos de poder, caiu após uma intensa pressão popular e internacional.
Em tom de voz eloquente, o ditador disse que entrou na cidade de Benghazi para libertá-los e que os protestos foram ordenados por estrangeiros e uma "minoria".
- A Líbia e África não vai desistir de sua glória. Nós derrotamos superpotências [Estados Unidos e Reino Unido] e vamos continuar aqui, desafiador.
Aparição anterior foi rápida
Antes, o coronel Gaddafi fez apenas uma breve aparição pública na madrugada desta terça-feira (22) para desmentir os boatos de sua fuga para a Venezuela. Rapidamente, em apenas 40 segundos, o ditador afirmou que continua na Líbia.
- Eu estou em Trípoli, não na Venezuela. Não acredite nesses cachorros da imprensa.
Gaddafi disse ainda que gostaria de negociar com os jovens que protestam na praça Verde. O local também é o reduto de partidários do regime que, da mesma forma que a oposição, têm saído às ruas em apoio ao líder líbio, há 42 anos no poder.
Na noite deste domingo (20), Saif al Islam, filho de Gaddafi, fez um discurso para alertar sobre a possibilidade de um banho de sangue, caso os protestos continuassem, e prometeu reformas.
Para Seif, o número de mortos é exagerado e a Líbia está à beira da guerra civil. Para o filho do ditador, a violência é resultado de um "complô estrangeiro".
Homens em helicópteros atiraram contra população na capital, dizem testemunhas

Como a Líbia não permite o trabalho livre da imprensa, as testemunhas são uma das poucas fontes de informação sobre o que ocorre no país do norte da África. Jornais e TVs relataram que pessoas em helicópteros atiravam em todo mundo na capital do país, Trípoli.
Em Benghazi, um centro de resistência ao regime, as pessoas pararam de protestar com medo dos ataques aéreos de acordo com outros relatos.
No entanto, o coronel Gaddafi talvez não esteja tão forte quanto tenha tentado mostrar em seu discurso. Dissidentes e militares que desertaram afirmaram que há um racha nas Forças Armadas. O jornal americano The New York Times informou que, na parte leste do país, o Exército se juntou ao povo na revolta.
Enquanto isso, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) discute em Nova York alguma possível ação contra o país.

Loucura pura. Tudo pelo poder. A população sobre. E nós que reclamamos do Brasil.

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