domingo, 3 de abril de 2011

Rio tem 18 mil casas em áreas de alto risco um ano após chuvas de abril.

Capital foi mapeada após temporais que mataram 68 em abril de 2010

André Paino, do R7 | 03/04/2011 às 05h54
André Muzell / R7
André Muzell / R7
Casas na comunidade Parque Maracá, zona norte do Rio de Janeiro, ameaçam desabar
Um ano após as chuvas que mataram 68 pessoas e deixaram mais de 5.000 famílias desabrigadas na cidade do Rio de Janeiro, levantamento feito pela prefeitura aponta que a capital tem hoje cerca de 18 mil casas construídas em locais considerados de alto risco. Ou seja, ao menos 18 mil famílias continuam sob a ameaça de deslizamentos de terra a qualquer momento.
O mapeamento, feito pela Geo-Rio (Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro) após as fortes chuvas que atingiram o Estado (ao todo 256 pessoas morreram no Rio), focou 117 comunidades da capital, localizadas no Maciço da Tijuca e adjacências, abrangendo 52 bairros das zonas norte, sul e central.
Em decorrência da tragédia de abril passado, cerca de 5.500 famílias perderam as casas em deslizamentos ou precisaram ser desalojadas por morar em residências que se encontravam em locais de risco. As comunidades mais atingidas foram os morros do Urubu, Prazeres, Fogueteiro, São João Batista, Cantinho do Céu, Pantanal, Morro do Turano, Laborioux, Rocinha e Parque Columbia.
O governo do Rio informou ter construído 582 novas casas na capital nos condomínios Palmeiras e Jardim das Acácias, no Complexo do Alemão (zona norte).
Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, desde abril de 2010, 3.000 famílias foram reassentadas em programas de habitação da prefeitura em condomínios construídos nos bairros Campo Grande, Cosmos, Realengo, Ramos e Mangueira. Parte das famílias desabrigadas (a administração municipal não precisou quantas) foi indenizada, enquanto outras recebem ainda hoje o benefício do Aluguel Social, no valor de R$ 400.

É o caso da doméstica Arlen Renata. Mãe de quatro filhos, ela perdeu a casa que morava na Rocinha (zona sul) durante as chuvas de abril de 2010. Localizado em área de encosta, o prédio onde Arlen morava com outras 13 famílias teve a estrutura comprometida após um barranco desabar e atingi-lo em cheio. A prefeitura interditou o prédio e deu o Aluguel Social aos moradores, com a promessa de que um novo prédio seria construído. Segundo ela, o edifício foi erguido, mas seus apartamentos acabaram direcionados a outras pessoas.

- Não queria sair da minha comunidade. Falaram que nos colocariam no novo prédio que construíram aqui na Rocinha mesmo, mas deram as casas para outras pessoas. Agora, estão dizendo que iremos para outras casas que serão construídas no terreno onde funcionava uma penitenciária, mas as obras naquele lugar sequer começaram.

A construção de moradias no terreno do antigo complexo penitenciário Frei Caneca (centro do Rio) foi uma promessa do governador  Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes que, na ocasião, afirmaram que as obras deveriam começar em 90 dias, a partir do início de abril, quando as chuvas devastaram a cidade. Entretanto, passado um ano, a reportagem do R7 foi ao local e verificou que nada foi feito (veja foto abaixo).
Segundo a Secretaria Estadual da Casa Civil, que atualmente responde por essas obras, o que será feito no terreno do Frei Caneca ainda está em análise. A pasta informou que, no momento, não há uma previsão para o início das construções.
As propostas de novas obras para atender aos desabrigados continuam na lista de pendências da prefeitura. De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação, está previsto para este ano a entrega de outras 12 mil habitações por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, que conta com verbas do governo federal.

A pasta diz que parte dessas unidades será destinada a moradores que precisam ser reassentados ou se encontram em áreas de risco. O governo municipal ainda prevê investimento de R$ 8 bilhões para o programa Morar Carioca, que prevê a urbanização de todas as favelas do Rio até 2020.
Frei Caneca parado
R7 constata que obras no antigo complexo penitenciário Frei Caneca não começaram (Foto: André Muzell/R7)

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