Parlamento deve votar medidas de austeridade em meio à crise.
País enfrenta segundo dia de greve geral e manifestações.
A polícia da Grécia entrou em conflito nesta quarta-feira (29) com manifestantes que tentavam bloquear o caminho para o Parlamento do país, em meio a sinais de que o governo pode conseguir aprovar um duro plano de austeridade demandado pelos credores internacionais. Os policiais lançaram gás e enfrentaram manifestantes, e houve feridos.Uma autoridade parlamentar disse que a votação do pacote pode ocorrer entre 8h e 11h (horário de Brasília), e a tendência é que a oposição apoie as medidas de austeridade.
O presidente do banco central grego, George Provopoulos, alertou que a não aprovação seria catastrófica para o país.
'O Parlamento votar contra este pacote seria um crime; o país estaria votando por seu suicídio', disse ele ao "Financial Times".
EntendaA crise financeira da Grécia pode ter profundas implicações para outros países europeus e para a economia mundial.
O pacote de ajuda original foi aprovado há pouco mais de um ano, em maio de 2010. A razão para o resgate é que o país estava tendo dificuldades em obter dinheiro emprestado no mercado para quitar suas dívidas. Por isso recorreu à União Europeia e ao FMI.
A parlamentar comunista Liana Kanelli limpa o rosto após ter sido atingida por iogurte na chegada ao prédio do Parlamento da Grécia em Atenas nesta quarta-feira (29) (Foto: AP)
A ideia era dar à Grécia tempo para sanear sua economia, o que reduziria os custos para que o país obtivesse dinheiro no mercado.
Mas isso não ocorreu até agora. Pelo contrário: a agência de classificação de risco S&P recentemente deu à Grécia a pior nota de risco do mundo (dentre os países monitorados pela agência).
Assim, o país continua tendo diversas dívidas a serem quitadas, mas não é capaz de obter dinheiro comercialmente para refinanciá-las.
A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida.
Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram.
Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos - deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito de 2008.
O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao país. Hoje, eles exigem juros bem mais altos para novos empréstimos que refinanciem sua dívida.
No Brasil
O risco de a Grécia, que passa por séria crise fiscal, não honrar suas dívidas aumenta a cada dia, e pressiona a bolsa brasileira a fechar a níveis baixos, se aproximando dos menores patamares em um ano. Só na semana passada, o Ibovespa perdeu 2,6%.
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