quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Entenda alguns fatores que afetam a sua tolerância ao álcool



Você já teve a impressão de que é mais tolerante à bebida dependendo do lugar onde está? Já aconteceu de ficar bêbado depois de tomar dois copos de cervejas em um bar diferente, mesmo sabendo que é capaz de beber, sozinho, engradados inteiros em casa? Desde os anos 50, cientistas desenvolviam a hipótese de que é mais difícil ficar bêbado em casa do que em um lugar desconhecido. Mas isso só havia sido provado em pesquisas envolvendo animais, nunca com humanos.  Agora, um estudo da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, deu base empírica a essa teoria.
24 alunos tomaram bebidas alcoólicas em um estabelecimento, por três sessões, para que se familiarizassem com o lugar. Em um cenário diferente, os pesquisadores deram aos voluntários “bebidas placebo” – que tinham gosto de álcool, mas não eram alcoólicas. Depois, os alunos tinham que completar tarefas em um computador projetado para medir inibições. Por exemplo, deveriam apertar um botão sempre que uma palavra com significado feliz aparecesse na tela, mas não podiam fazer isso quando aparecia uma palavra negativa. Apertar o botão na hora errada indicava perda de inibições. É mais ou menos o que acontece quando uma pessoa embriagada xinga alguém, entra em brigas ou continua a beber quando deveria parar.
Os resultados mostraram que os voluntários que bebiam álcool no ambiente onde haviam recebido bebidas placebo anteriormente pressionaram o botão incorretamente cerca de 12 vezes por sessão. Já entre os que haviam tido bebidas alcoólicas de verdade, o número caiu para a metade – o que indica que eles estavam menos bêbados do que o outro grupo.
Segundo o professor Mark Fillmore, da Universidade de Kentucky, a tolerância aumentada em ambientes familiares pode ser provocada por nossas expectativas. Depois de ter bebido em um ambiente determinado, o sistema nervoso central começa a antecipar o recebimento do álcool sempre que você volta para aquele lugar, podendo se tornar hiperexcitado e barrar alguns dos efeitos do álcool. Em outras palavras, seu corpo fica mais tolerante.
O estudo é importante porque mostra que a quantidade de álcool no sistema nervoso central não é o único fator que determina como uma pessoa é afetada pela bebida. A tolerância não é um atributo pessoal imutável. Só porque você pode funcionar bem enquanto bebe em situações conhecidas não significa que vai ser assim em qualquer lugar, com a mesma quantidade de bebida.
Alcoolismo x Estresse
Os resultados confirmam a hipótese de outro estudo, publicado em julho no periódico Alcoholism: Clinical and Experimental Research (Alcoolismo: pesquisa clínica e experimental). Pesquisadores da Universidade de Chicago descobriram que o estresse é um fator importante para determinar como a bebida vai agir em você– se ela vai te deixar falante e cheio de energia ou sonolento.
O estudo mostrou que quando se mistura a bebida com uma dose de estresse, o resultado pode surpreender: os voluntários que normalmente ficavam mais alegres e estimulados pelo álcool se sentiram sonolentos quando foram colocados em uma situação estressante antes de beber. E os que geralmente se sentiam sonolentos com a bebida acabaram ficando mais agitados ao fazer isso depois do estresse. Isso pode explicar, inclusive, por que algumas pessoas bebem mais quando estão estressadas: se elas costumam se sentir agitadas depois de beber e o estresse barra esse efeito, podem acabar bebendo mais para tentar alcançá-lo.  Por outro lado, quem costuma se sentir sonolento quando bebe pode curtir o efeito oposto e bebem ainda mais para potencializá-lo. Se antes a sonolência era um freio no consumo alcoólico, agora essa sensação positiva acaba por aumentá-lo.
Por outro lado, bebida não é remédio. Mesmo nos casos em que o álcool melhora o humor, beber para aliviar o estresse está longe de ser uma boa ideia – além do perigo do alcoolismo, a dose extra pode piorar a situação. É que o álcool amortece a resposta natural do corpo ao estresse hormonal agudo e impede o seu organismo de lidar com o problema de forma eficiente. Lembre-se: esse tipo de estresse é uma ameaça ao organismo. Então, é bom que seu corpo queira se livrar dele.

Ana Carolina Prado

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