Estratégia do governo para o fim da greve não prevê nova proposta
Apesar de a maioria dos sindicatos de professores de universidades rejeitarem oferta, negociação está quase encerrada
Fonte:IG / Mateus PradoA nova proposta do governo para professores em greve nas universidades federais, apesar de não ter sido aceita pela maioria das assembleias, parece ser definitiva. Essa conclusão diz menos sobre a nova oferta, que traz poucas diferenças em relação à primeira, mas está relacionada à estratégia do governo para acabar com a greve.
O anunciado aumento de gastos pelo governo até 2015 com a folha de professores não chega a R$ 300 milhões, o que representa menos de R$ 100 milhões por ano para uma categoria com cerca de 150 mil professores. Pontos polêmicos, como a ampliação da jornada de aula com a respectiva diminuição do tempo para a pesquisa e de dedicação para subir na carreira, foram deixados para grupos de trabalho.
A proposta: Governo amplia pacote do reajuste de professores para R$ 4,2 bilhões
Assembleias: Professores de 12 universidades federais rejeitam proposta do governo
Consequência: Greve fará ano letivo nas federais avançar até o início de 2013
Além disso, o governo não acenou com nenhum projeto de lei que garanta minimamente que os reajustes, mesmo não sendo os sonhados pelos professores, sejam garantidos nos próximos anos.
A progressão de níveis nas carreiras não apresenta nenhuma lógica. Em alguns lugares da “tabela”, 24 meses de trabalho oferecem 1,5% de aumento na carreira, em outros 9%, e a salada de porcentagens sem conexão é continua. O mesmo acontece para os professores que adquirirem aperfeiçoamento, especialização, pós, mestrado ou doutorado. A “subida nos degraus da carreira” não apresenta nenhuma lógica, nem mesmo a do tempo de serviço ou da relação com aperfeiçoamento e especialização do professor. É essa falta de lógica que alguns sindicatos estão chamando de desestruturação da carreira, em que não fica claro ao professor como vai ser sua história profissional e como serão seus vencimentos, já que parte deles não é contabilizado como salário. No caso do professor titular doutor, por exemplo, somente 40% do valor divulgado é salário, o resto é um monte de linhas no contra-chegue com dezenas de gratificações que podem, inclusive, ser extintas a qualquer momento. Uma parte da categoria, ainda, descontada a inflação, receberá menos em 2015 do que atualmente.
Mesmo diante dessa grave situação, que faz com que seja cada vez mais difícil atrair melhores talentos para a educação, o governo não concentra o debate na proposta, mas desvia seu foco para pressionar pelo fim da greve com uma estratégia que envolve várias ações paralelas.
Primeiro, como já vinha fazendo desde a primeira proposta, coloca sociedade contra professores, divulgando números absolutos de vencimentos em 2015, sem considerar a corrosão da inflação e destacando os maiores salários. Segundo, aumenta a distância - e os conflitos brancos - entre professores que ganham mais e que os que ganham menos nas universidades. Os mais bem remunerados, em geral, têm mais status nas universidades, inclusive para decisões simples como atribuições de aulas, são os menos prejudicados e passarão a ter algum aumento real. Os que ganham menos poderão diminuir seus vencimentos e certamente serão os mais prejudicados no caso, por exemplo, de terem que cumprir 12 horas em sala de aula. E, por fim, o governo conta com a divisão dos grevistas e incentiva uma disputa sindical em meio à greve. Após a última reunião, o menor sindicato, que representa seis universidades federais e um instituto, deu entrevistas com posição favorável à proposta imediatamente. Além disso, em alguns Estados, este sindicato iniciou um tipo de assembleia virtual, em que professores contrários à greve e de universidades filiadas a outros sindicatos, podem se manifestar.
O site deste sindicato (o PROIFES), inclusive, anuncia que, para o governo, basta uma associação representativa aceitar a proposta para que a negociação seja interrompida.
A análise aqui não se trata de concluir se é mais democrático ou não o voto pela internet. O que importa é que o governo achou um caminho para desgastar os grevistas, colocar os professores em debate e contradição, desviar o foco das reivindicações, e fazer parecer que as lutas dos alunos (como as melhorias nos novos câmpus e universidades) devem ficar em segundo plano. O governo conseguiu fazer parecer que “levou essa”, deixando a conta para os professores que queriam melhorar suas condições de trabalho e seus salários.
Todos esses indícios me levam a prever que, na quarta à noite, quando ocorre a próxima reunião com o comando de greve, o governo dará a negociação por encerrada, mesmo com a maior parte dos sindicatos contrários à proposta, criará um monte de grupos de trabalho para impor suas vontades e deixará quem não concorda com a oferta gritando, à vontade, até o dia 31 de agosto, último dia de fechamento do orçamento. Até lá, a greve vai se esvaziando e, então, as aulas irão retomar a normalidade após 100 dias de greve e poucas conquistas.
O Andes e seus representados dificilmente conseguirão escapar dessa armadilha e, salvo consigam implantar uma boa estratégia rapidamente, amargarão o fim das negociações, o que significará o prenúncio de uma nova greve nas federais nos próximos anos.
Sou uma mãe desesperada ,meu filho está há mais de 1 mês em casa, estudante do CEFET e Pedro II do Rio de Janeiro, não vejo resultados, e me sinto envergonhada por ser Brasileira,onde o ensino fica na verdade, pra depois e a corrupção tem seu destaque público,COMO MÃE EXIJO RESPOSTA.
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