sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Médico do caso Adrielly é indiciado por estelionato, diz delegada


Izabela Santoni, da Delfaz, apurou fraude na folha de ponto.
Ela vai ouvir nesta sexta chefes da Emergência e do plantão.

Delegada Izabela Santoni investiga se médico do caso Adrielly fraudava a folha de ponto (Foto: Janaína Carvalho/G1)
Delegada Izabela Santoni, da Delegacia Fazendária
indiciou o médico por fraude na folha de plantão
(Foto: Janaína Carvalho/G1)
 
O médico Adão Crespo, que faltou ao plantão na noite de Natal no Hospital Municipal Salgado Filho, quando a menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, esperou durante oito horas por uma cirurgia com um projétil na cabeça e acabou morrendo, foi indiciado por estelionato pela Delegacia Fazendária (Delfaz) da Polícia Civil. As informações foram confirmadas pela delegada Izabela Santoni, responsável pelo caso.
Segundo ela, o acusado fraudava a folha de ponto e estava recebendo sem trabalhar. "A gente tem provas mais concretas de que ele cometeu aquele crime", contou. "Só pelo mês de novembro, eu apurei que ele recebeu sem trabalhar." O neurocirurgião já havia sido indiciado pela 23ª DP (Méier) por omissão de socorro.
A delegada Izabela Santoni afirmou, ainda, que apenas o perito pode avaliar se ele assinou o ponto ou mandou alguém assinar. "Só o perito pode analisar se a assinatura é dele mesmo, mas já dá para afirmar", explicou.
Ela pretende ouvir, na tarde desta sexta-feira (11), a chefe de emergência e o chefe da neurologia. A chefe da emergência não comunicou as faltas de Adão Crespo ao setor de Recursos Humano, apesar do chefe do plantão Ênio Lopes tê-las sinalizado. A polícia agora vai investigar o motivo de esta falta não ter sido comunicada ao RH.
O neurocirurgião Adão Crespo informou, através de nota, que, até 11h45 desta sexta, não recebeu comunicação oficial do indiciamento e, por isso, não vai se manifestar sobre o assunto.


Depoimentos

 Na manhã desta quinta, a polícia ouviu o funcionário terceirizado do Hospital Salgado Filho Rafael José Alves Costa, que confirmou ter solicitado uma ambulância para transferir Adrielly.
De acordo com o delegado responsável pela investigação do caso, Luiz Archimedes, da 23ª DP (Méier), Rafael foi a última pessoa a ser ouvida e o caso deve será encaminhado para o Ministério Público (MP). A Secretaria Municipal de Saúde nega que tenha havido essa solicitação.
Segundo o funcionário Fernando Parreira, que prestou depoimento na quarta-feira (9), a chefia de plantão solicitou a remoção da criança após constatar que o neurocirurgião Adão Crespo havia faltado ao plantão. "O Rafael reafirmou tudo o que o Fernando havia dito ontem", destacou o delegado.
De acordo com o depoimento, a ambulância foi solicitada duas vezes à Central de Regulação da Secretaria municipal de Saúde. No entanto, nenhuma ambulância chegou ao hospital para transferir Adrielly. “Quem deve apurar porque a ambulância não chegou ao hospital é a Secretaria de Saúde. Esse é um problema administrativo”, completou o delegado.
Adão diz que pediu desligamento
O advogado do neurocirurgião Alex Souza afirmou que o médico já havia pedido delisgamento em dezembro. O telegrama em que ele reitera o pedido de demissão foi enviado ao hospital em 31 dezembro — dia em que Adrielly, de dez anos, teve morte cerebral. "No período de mais ou menos mais de um ano, ele tem lançado mão de um substituto com a aquiescência tanto dos chefes de emergência do serviço de neurocirugia como da propria direção do hospital", explicou o advogado.
A secretaria Municipal de saúde informou que, apesar das faltas, não demitiu o neurocirurgião por falta de amparo legal. Segundo a secretaria, o estatuto do servidor só permite a exoneração após trinta faltas consecutivas.



Morre a menina Adrielly, que esperou 8 horas por socorro após ser atingida por bala perdida no RJ (Foto: Reprodução Globo News)A menina Adrielly tinha 10 anos (Foto: Reprodução Globo News)
Baleada no Natal

 O caso ocorreu na Rua Amália, perto dos morros do Urubu e do Urubuzinho, em Piedade. Ela havia acabado de ganhar seu presente de Natal quando foi atingida por uma bala perdida, segundo o pai Marco Antônio. Eles estavam na rua, no momento em que traficantes dos morros do Urubu e Urubuzinho começaram a soltar fogos e dar tiros para o alto, ainda de acordo com o pai.

Fonte: G1

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