terça-feira, 23 de junho de 2015

Realidade dos jovens presos no Rio de Janeiro

degase, educandário santo expedito, jaime gold (Foto: Tribunal de Justiça/Divulgação)

O Educandário Santo Expedito, em Bangu, Zona Oeste do Rio se oferece como uma das últimas oportunidades do Estado de ressocializar um jovem acusado de cometer um crime. No entanto, pelos relatos de agentes do local, o termo "educandário" soa mais como ironia. Há denúncias de superlotação, ameaças de morte, brigas de facções criminosas e rebeliões. Lá, ficam os jovens detidos de maior vigor físico. Um dos últimos internos é o jovem X, suspeito de matar o médico Jaime Gold, segundo funcionários do local. O advogado, a mãe do acusado e outros suspeitosque chegaram a confessar o crime negam a participação do garoto.
Na teoria, o educandário transformaria os menores em "cidadãos solidários e profissionais competentes", conforme a missão estabelecida pelo Departamento Geral de Ações Socioeducaticas (Degase). Na prática, a recuperação quase nunca acontece. O G1 conversou com uma juíza da Vara da Infância e funcionários do Degase que trabalham no Santo Expedito, no qual há três vezes mais jovens do que o número de internos sugerido pela Justiça (quase 300, enquanto a sugestão é de, no máximo, 90). Dentro do Complexo Penitenciário de Gericinó, onde criminosos cumprem penas em presídios conhecidos como Bangu I e Bangu II, o Santo Expedito foi apelidado de Bangu 0.
"É assim que os rapazes chamam. É um presídio como qualquer um. O poder público dá uma conotação de colégio, mas não é a realidade. O funcionário é um carcereiro. A chance de um garoto sair ressocializado de lá é zero", calcula um funcionário que não quer ser identificado com medo de represálias.

Também em descumprimento à regra, as galerias são separadas por facções criminosas para evitar guerras, segundo denúncias. Durante uma rebelião neste ano (veja no vídeo), uma gangue tentou exterminar a outra. Nos raros momentos de circulação, jovens de grupos rivais se encontram. É quando há chance de brigas ou do início de parcerias em torno do crime.
Em nota, o Degase negou que divida os jovens por facções "e sim por local de moradia". Quanto às denúncias, disse que são abertos processos de sindicância, quando necessário, e que há câmeras de segurança de monitoramento.
Com a superlotação, há poucos agentes para muitos internos. Pouca aula para muita gente: uma a cada duas semanas. "É uma engabelação, nenhuma escola no mundo conseguiria fazer este milagre de ensinar de 15 em 15 dias. É uma unidade que não está preparada para reeduca-lo, como todas as outras. Mas esta, especialmente, recebe garotos de mais complexidade física", diz outro funcionário.
Se falta estudo, não é diferente com as beliches. Abundância, só de ratos. Críticas semelhantes aparecem em um relatório da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que cita quase todas as unidades. De acordo com as denúncias, agentes dão socos, pontapés e xingam para tentar manter . Caso não dê certo, utilizam até barra de ferro  Subcoordenadora Judiciária de Articulação das Varas da Infância e Juventude e Idoso do TJ-RJ, a juíza Cristiana Faria de Cordeiro também é testemunha da superlotação e das más condições. Após uma visita em março, ela descobriu que há relacionamento de jovens com presidiárias. Como o educandário fica dentro de um complexo penitenciário, em outro desrespeito à lei, jovens detidos e presas trocam bilhetes.
"Uma lei de 2012 detalha o que deve ser feito no atendimento socioeducativo, mas nada disso acontece. É uma história que já começou torta: uma unidade prisional que foi adaptada provisoriamente. É um quebra-galho que ficou até hoje".
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educandário santo expedito, degase, jaime gold (Foto: Tribunal de Justiça/Divulgação)


fonte : G1

Enquanto os governantes não "arrumarem" a educação no Brasil, o resultado é esse : Mais presídios. Lamentável.

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