quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Tragédia de Bento Rodrigues

Para Defesa Civil de Minas, Bento Rodrigues deve acabar

Comunidade nasceu com a exploração do ouro, no século 18, e deve acabar na era do ferro

Comunidade está com até 5 m de lamaAntonio Cruz/Agência Brasil
Se depender da Defesa Civil de Minas Gerais, os moradores de Bento Rodrigues, em Mariana, não retornarão às suas casas. O subdistrito foi duramente atingido pelos rejeitos de minério de ferro das barragens da empresa Samarco que se romperam na última quinta-feira (5).

Nesta terça-feira (10), o coordenador da Defesa Civil de Minas, coronel Helberth Figueiró de Lourdes, afirmou que, mesmo após encerradas as buscas por vítimas na região, vai recomendar que ninguém volte para o distrito.
— Há quatro ou cinco metros de lamacompacta em Bento Rodrigues. Mesmo se houver condições de os moradores voltarem, vou sugerir que isso não aconteça.

Bento Rodrigues — que na verdade é um subdistrito de Camargos, este sim, distrito de Mariana — tinha aproximadamente 600 habitantes antes da tragédia. Foi fundado no século 18, no início da exploração de ouro que tinha Ouro Preto como principal centro. Se a recomendação da Defesa Civil for seguida, a localidade, que nasceu com a mineração do ouro, morrerá com a do minério de ferro.

A Mina da Alegria, nome dado ao complexo do qual faziam parte as duas barragens que ruíram, começou a ser explorada em 1992. O complexo tem reservas estimadas em 400 milhões de toneladas de minério de ferro. São retirados atualmente da mina 10 milhões de toneladas do metal por ano.
O coronel afirma que o mais importante no momento é saber como a empresa se posicionará em relação à indenização que será dada às famílias que perderam suas casas.
— É preciso saber se receberão dinheiro, se serão adquiridas moradias em outros locais.
Na segunda-feira, o Ministério Público em Mariana informou que vai pedir à Justiça que determine o pagamento imediato de um salário mínimo por família atingida, por tempo indeterminado.


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