quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Avó de Sean fala da decisão da Justiça americana, que nega visita ao neto: “Não vamos desistir”


Na semana passada, a Corte Suprema do Estado de Nova Jersey negou o pedido de visita dos avós do menino Sean Goldman, que está com o pai nos Estados Unidos desde dezembro de 2009. A sentença, que ampara a negativa do pai de Sean, David Goldman, teria sido baseada numa conversa telefônica da avó do menino, Silvana Bianchi, no último Natal. David alega que a avó disse ao menino que estava lutando por ele nos tribunais – e que isso prejudicaria sua relação com o filho. Silvana nega. “Eu disse que estava lutando pela visita. Algo que não só nós, pais da mãe dele, temos direito, mas principalmente o próprio Sean e sua irmã”. Chiara, de dois anos e meio, é fruto do segundo casamento de Bruna Bianchi, que morreu em 2008, depois de dar à luz a menina. Após sua morte, Goldman iniciou uma batalha judicial para levar o menino para os Estados Unidos, onde nasceu. Obteve vitória em dezembro de 2009, com sentença do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. Desde então, os avós, que ajudaram a criá-lo, não conseguiram mais ver Sean.
Silvana Bianchi falou ao Mulher 7×7:
Como vocês encaram a decisão da Justiça americana?
Certamente não como definitiva. A Justiça brasileira tem que fazer valer a sentença do senhor ministro Gilmar Mendes, a partir da qual Sean foi, precipitadamente, levado do Brasil. Nesta decisão, está escrito que deveria haver acordos de visitação. Mas onde estão? Um ano e dois meses já se passaram e nada foi cumprido.
Quantas vezes vocês conseguiram falar com Sean pelo telefone desde que ele foi embora?
Seis vezes. Todas conversas estranhas, em que ele fala uma mistura de inglês com português. As ligações são gravadas, monitoradas, e é claro que Sean sabe disso e não fica à vontade. Ele não é nada bobo, é um menino de dez anos. Deve estar vivendo uma crise de fidelidade. Na verdade eu considero que ele está vivendo em cárcere privado. Ele não usa nem a internet, não se comunica conosco por email, nada. E nem tem celular.
Como foi a conversa do último Natal, que teria resultado na decisão da Justiça americana?
O que eu disse a ele é que estava brigando para poder vê-lo. Eu falei: a nonna e o vovô estão tentando na Justiça visitar você. Nunca disse que queria tirá-lo do pai. A tradução certamente foi feita de forma conveniente para o David. Mas eu também gravo minhas ligações com Sean, para nos proteger, e posso provar que não disse nada do que foi alegado. Eu não quero confundir o Sean. Eu quero vê-lo, visitá-lo, dentro de algum tipo de acordo. Mais do que direito nosso, é um direito do meu neto e da irmã dele, a Chiara.
Chiara lembra do irmão?
Ela tem apenas dois anos e meio e não o vê há um ano. Mas nós não deixamos que ela o esqueça. Há fotos dele por toda a casa. Contamos histórias dele, mantemos sua memória viva aqui. Ela tem direito a isso. São irmãos uterinos. De vez em quando ela pergunta: “cadê o irmão?”. E nós dizemos que em breve eles vão se ver. Acreditamos nisso.
Vocês esperavam essa dificuldade para visitar o Sean?
Não. Nós sofremos quando ele foi embora, mas acreditávamos que os acordos de visitação seriam cumpridos. David alega que nossa presença atrapalha a relação dele com o Sean. Eu não entendo que relação é essa que seria estragada por uma simples visita nossa. Isso demonstra insegurança, falta de cumplicidade. E, é claro, uma espécie de represália. Mas represália a algo que não houve, porque enquanto esteve conosco, Sean foi visitado pelo pai. Talvez não do jeito que ele pretendia, mas cumprimos o que a Justiça determinava. Quando Sean foi para os Estados Unidos, nós conversamos com um psicólogo que cuidaria do Sean, a pedido do pai. E esta pessoa, que nos pareceu bastante razoável, disse que era importante nosso neto manter os vínculos conosco. Nem este psicólogo está sendo ouvido pelo David?
E agora?
Estamos esperando que a Justiça brasileira, em especial o senhor ministro Gilmar Mendes, se pronuncie e que faça alguma coisa. Nossa Justiça está sendo testada. Vamos ver o que será feito. De nossa parte, não vamos desistir.

Caso difícil de se colocar em qual parte, definitivamente o menino tem pai, então que fique com o pai. Mas tira-lo da família brasileira é um crime com o próprio Sean. Por mais ocupada a cabeça desse criança deve estar confusa.

2 comentários:

  1. Estamos vivendo uma situação meio parecida aqui em casa...só nós conseguimos avaliar o quanto dói...ninguem de fora ...ninguem mesmo tem condiçoes de opinar

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  2. Concordo com você Marisa, acredito que, só quem passa sabe.Beijos.

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